Lá onde nasci


Lá, onde nasci,
Derrubaram as árvores, plantaram os postes.
Tiraram a terra, cimentaram tudo.
Passarinho, só na gaiola, fruta, só no mercado.
As crianças não brincam mais nas ruas.

Lá, onde nasci,
As casas foram empilhadas.
Ninguém conhece mais ninguém.
O vizinho é alguém distante.
As portas estão trancadas.

Lá, onde nasci,
Não tem mais poeira, tem poluição.
Onde era a várzea, agora é um shopping.
No lugar do campinho, mais uma construção.
Muita gente, pouca vida.

Lá, onde nasci,
Só se fala em segurança.
Há grades em todos os lugares.
Ninguém mais é livre.
Ninguém nem sabe que nasci ali.

Lá, onde nasci,
Todo mundo agora anda apressado.
Olhando só para frente e para o relógio.
É um grande vai e vem.
Todo mundo se vê, mas ninguém se enxerga.

Lá, onde nasci,
Ficaram as lembranças e as recordações,
Nostalgia e saudades.
Passou-se a infância, aquele bom tempo.
Lá onde nasci, não existe mais, só dentro de mim.

 Autoria do Poema: Carlos Barabás

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